FOLCLORE MACABRO CONTEMPORÂNEO

Olá pessoal!
Na infância, não existe um lugar tão mágico e misterioso como a casa da avó. A minha avó materna morava numa pequena e fria cidade chamada Bananeiras, localizada no brejo paraibano. Algumas vezes por ano, principalmente nas festas juninas e no final do ano, passava alguns dias por lá. Eram dias incríveis! Outra oportunidade, quem sabe, conto mais desses dias cheios de mirabolâncias capazes de botar inveja em qualquer Harry Potter por aí.
Mas hoje, vou lembrar de uma historinha específica: as histórias de assombração contadas por minha avó. Sentada à cabeceira da longa mesa da cozinha, ela reunia os netos, à noite, para contar histórias do folclore, umas conhecidas no país todo, outras, regionais. Todas, horripilantes! Tenho saudade da minha avó, tenho saudade daquelas histórias, do medo que eu sentia... Era um medo gostoso, bom de sentir... Tenho saudade!
Hoje em dia, quase não existem mais avós assim. Talvez, porque também não existam mais netos assim. Mas, principalmente, deve ser porque o mundo mudou de forma tão violenta nesses vinte e poucos anos que se passaram desde então, que até as histórias do nosso folclore caíram em desuso.
Novos monstros, novos seres, novas histórias! Essa semana mesmo, um novo conto folclórico surgiu nas terras distantes do Maranhão. A história de um monstro que vive na floresta e que faz coisas horríveis com crianças; e o pior é que as crianças eram sua própria filha e suas filhas/netas.
Mas é só mais uma história macabra que serve para assustar nossas crianças... Há muitas outras: o "champinha", o Nardoni, os espíritos malignos chamados pedófilos, que abusam de inocentes, muitas vezes, que vivem dentro de suas próprias casas.. Ah, que saudade da Comadre Fulôzinha, da(ou do) Caipora, do bicho-papão, do papa-figo, do boitatá, da mula-sem-cabeça, do saci... Ah, meus amigos, tenho saudade!
Pior mesmo são os pobres coitados dos filhos que ainda hei de por neste mundo. Sentirão saudade do que não conhecem? Sentirão o medo gostoso das histórias da minha avó ou o medo desesperador de ficar frente a frente com um desses seres do folclore macabro contemporâneo? Que Deus nos proteja do mundo que estamos criando! Passamos o dia inventando monstros incontroláveis; passamos a noite com medo de encontrá-los debaixo de nossas camas.
Valeu pessoal, um forte abraço!
Paz e luz
A equipe