Olá pessoal!
Segundo o dito popular, todo mundo deveria plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro antes de morrer. Qualquer um pode ajudar a reflorestar o mundo ou aumentar a família sem muitas dificuldades. Também é relativamente fácil escrever sua primeira obra. Lançá-la, no entanto, são outros quinhentos. Em nosso atual mercado, existem editoras demais para leitores de menos. E a invasão dos best-sellers (mais vendidos) do exterior torna o sonho de um novato escritor brasileiro, de se ver na vitrine de uma livraria, quase impossível.
Para compreender a dificuldade de se publicar um livro é preciso entender, primeiro, a terrível situação do mercado editorial brasileiro, já que a culpa é, muitas vezes, colocada na rigorosa seleção das editoras. Temos hoje, no Brasil, mais de 14 milhões de analfabetos, segundo a Unesco. Os livros, devido a diversos custos, são extremamente caros e apenas uma pequena parcela da população tem dinheiro para comprá-los com regularidade. “O mercado é extremamente restrito”, conta Joaci Pereira Furtado, coordenador editorial da Editora Globo. “O público consumidor, ou seja, aquele que tem o costume de comprar livros, é estimado em apenas 20 milhões. Isso é muito pouco frente aos 190 milhões de habitantes brasileiros”, explica.
Para Joaci, o problema está no preço e na cultura de nosso povo. Nos Estados Unidos, onde o mercado editorial funciona a todo vapor, o circulo virtuoso ajuda a todos. Mais pessoas leem porque os livros são baratos ou, porque os livros são mais baratos, existem muito mais leitores dispostos a desembolsar dinheiro com livros. Lá, a mais recente publicação de Dan Brown (O Código da Vinci), O símbolo perdido, custa, em média, US$ 14 — aproximadamente 1% do salário mínimo norte-americano. Aqui no Brasil, o mesmo livro sai por R$ 31, ou seja, quase 7% do nosso mínimo. “Temos uma proliferação de editoras, mas não de leitores. Se as vendas aumentassem significativamente, os preços baixariam”, aponta o coordenador da Editora Globo. “Mas eu também vejo um grande problema na cultura do brasileiro. Os professores obrigam os alunos a ler, então, a escola pode ser uma grande vilã. Todos nós temos de aprender que a leitura deve ser um prazer. Só então nosso mercado vai evoluir como os do exterior”, destaca.
A fraca demanda interfere diretamente no processo de publicação por aqui. No Brasil, a tiragem inicial de um lançamento costuma ser de apenas 3 mil exemplares. E para ser um best-seller, ou seja, constar na lista dos mais procurados, basta vender a irrisória marca de 10 mil. Não há como fugir, novamente, das comparações. Nos Estados Unidos, O símbolo perdido terá a tiragem inicial de 5 milhões de exemplares. Por lá, para se tornar um best-seller, um título deve vender acima de 500 mil cópias ou não passa nem perto das listas alardeadas pela mídia e livrarias.
Sucesso
O escritor paulista André Vianco, que despontou como novo talento e emplacou nas livrarias com Os sete, um livro sobre vampiros, já lançou 12 títulos no mercado e constou por semanas em várias listas de best sellers. Acha que ele vendeu milhões? Que nada. Os sete vendeu pouco mais de 55 mil exemplares, mas um sucesso retumbante em se tratando do mercado editorial brasileiro. No total, o escritor já vendeu 288 mil cópias de seus livros.
Talvez, por isso, as editoras prefiram investir nos títulos estrangeiros e não nos estreantes brasileiros. Feliz ou infelizmente, praticamente não há riscos em lançar por aqui um best-seller do exterior. Já a escolha errada baseada na aposta em um jovem escritor brasileiro (e desconhecido) acaba comprometendo os planos e o orçamento de uma editora. “Lançar obras de brasileiros desconhecidos é sempre um risco grande”, aponta Adriano Fromer Piazzi, diretor editorial da Editora Aleph. “As editoras investem em títulos conhecidos do exterior porque eles já estão testados, já há um termômetro de aceitação do público em relação a ele”, explica Fromer, que vai adiante: “Mas também há o problema do preconceito por parte das livrarias e dos leitores. As livrarias não se arriscam a expor na vitrine uma obra escrita por um brasileiro que não seja ilustre e, ao mesmo tempo, o leitor raramente se interessa por esses títulos”, explica.
Valeu pessoal, um forte abraço!
Paz e luz!
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