A lagarta, o casulo e a borboleta

Olá pessoal!
Os mais jovens não devem lembrar, mas houve um tempo em que o cinema nacional era um lixo. Sim, um completo e absoluto lixo, com raríssimas exceções. Depois da época da atlântica, lá pelos anos 70 e 80, produziam-se no Brasil filmes de péssima qualidade técnica e artística, feitos com o único objetivo: acariciar o ego de seus diretores e de meia dúzia de intelectualóides avulsos. Com a desculpa de se fazer "arte" e não cinema comercial, as produções nacionais não levavam em conta o gosto e a demanda do público; e esse, por sua vez, deixava vazias as salas de cinema nas exibições das películas nacionais. Mas isso não chegava a preocupar aquela turminha da época, porque seus filmes eram pagos pelo dinheiro do contribuinte, através da Embrafilme. Então, para eles, pouco importava se alguém ia ou não assistir ou criticar seus filmes; pouco importava o som terrível, os roteiros medíocres e os grosseiros erros de continuidade e produção. O povo pagava seus filmes através dos impostos, mas eles (os diretores) faziam filmes para uma elite metida a besta, acostumada a aplaudir qualquer porcaria produzida pelos "gênios" drogados da 7ª artte tupiniquim.
Porém, no início dos anos 90, o então presidente Fernando Collor, acabou com a farrinha dos "companheiros". A Embrafilme foi para o espaço e ninguém tinha mais dinheiro para fazer cinema no país. A produção nacional estagnou e, pasmem, ninguém sentiu muita falta. Como os filmes nacionais não eram assistidos por ninguém e, consequentemente, não davam lucro algum, nenhuma empresa se arriscava a patrocinar porcaria nenhuma. Isso só mudaria com a Lei do Audiovisual, de 1993, que serviu como estímulo para que empresas privadas patrocinassem o cinema em troca de benefícios fiscais.Mas apenas em 1995, com a estreia de Carlota Joaquina nos cinemas (da diretora Carla Camurati), é que o cinema nacional tomou um novo impulso. O filme foi assistido por mais de 1 milhão e 200 mil espectadores; algo impensável para um filme nacional, que não fosse da Xuxa ou dos Trapalhões.
Surgia, então, um novo cinema, que tinha agora preocupações razoáveis a equalizar: a qualidade técnica, os roteiros, o gosto do público, a viabilidade financeira.
Nos anos seguintes, filmes como Quatrilho, A Ostra e o Vento, O que é Isso Companheiro e Central do Brasil serviram para fixar uma base sólida e de qualidade para a produção cinematográfica nacional. O que vemos hoje nem de longe lembra o trágico passado do cinema nacional dos anos 70 e 80. O cinema brasileiro literalmente renasceu das cinzas e hoje não tem mais vergonha de buscar o lucro, seguir padrões internacionais de marketing e, o melhor para nós, procupar-se em agradar o público e encher as salas de exibição.
Já foi uma lagarta horrível, mas hoje voa livre e belo como uma borboleta monarca. Hoje, sim, fazemos cinema-arte, sem vergonha de ganhar dinheiro com isso.
Valeu pessoal, um forte abraço!
Paz e luz!
A equipe